Literatura, Psicanálise e Cultura

“Literatura, Psicanálise e Cultura” é uma coletânea que convida o leitor a atravessar as fronteiras entre linguagem, subjetividade e criação artística a partir do diálogo fértil entre a teoria psicanalítica e a crítica literária. Desde o início, a proposta deste volume foi abrigar trabalhos que tratassem da relação entre psicanálise e literatura, promovendo a interlocução entre esses campos e tratando-os interdisciplinarmente, sem perder de vista a dimensão cultural da produção artística. Reunindo três capítulos que atravessam, com densidade crítica e rigor conceitual, os entrecruzamentos entre literatura, psicanálise e cultura, esta obra oferece ao leitor um itinerário teórico e analítico instigante. Trata-se de uma contribuição relevante para o campo dos estudos literários, psicanalíticos e culturais, que parte do pressuposto de que a psicanálise ultrapassa os limites da clínica individual para se constituir também como uma teoria das produções culturais. Reconhecemos e concordamos que a psicanálise oferece contribuições essenciais para a compreensão de dimensões centrais das lutas sociais, como a liberdade, a alienação, a emancipação, a alteridade e a constituição da identidade. A partir de Freud, Lacan e Žižek, os autores investigam como a narrativa fantástica dramatiza a tensão entre realidade material e psíquica, como o Real atua como antagonismo irreconciliável nas formações ideológicas, e como o tempo lógico da linguagem se inscreve na arquitetura formal do romance moderno. Ao percorrer os impasses entre realidade material e realidade psíquica nas narrativas fantásticas de Hoffmann, a crítica da différance e da ideologia em Žižek e a arquitetura significante de Avalovara, de Osman Lins, este livro convida à escuta das operações do inconsciente enquanto construção, não revelação, em que a literatura surge como espaço privilegiado da interseção entre sujeito, ficção e história, onde se inscrevem o desejo, a falta, o antagonismo e o Real, tensionando continuamente os limites entre o que foi vivido, o que foi recalcado e o que pode, enfim, ser lido.